RUI BARBOSA EM 1914
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Sinto vergonha de mim
Por ter sido educador de parte desse povo,
Por ter batalhado sempre pela justiça,
Por compactuar com a honestidade,
Por primar pela verdade
e por ver este povo ja chamado varonil,
enveredar pelo caminho da desonra.
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Sinto vergonha de mim
Por ter feito parte de uma era
Que lutou pela democracia,
Pela liberdade de ser
E ter que entregar aos meus filhos,
Simpres e abominavelmente,
A derrota das virtudes pelos vícios,
A auzencia da sensatez
No julgamento da verdade,
A negligencia com a familia,
célula-mater da sociedade,
A demasiada preocupação
Com o "eu" feliz a qualquer custo,
Buscando a tal " felicidade"
Em caminhos eivados de
Desrespeito
Para com o seu próximo.
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Tenho vergonha de mim
Pela possibilidade em ouvir,
Sem despejar meu verbo,
A tantas cesculpas
Pelo orgulho e vaidade,
A tanta falta de humildade
Para reconhecer um erro cometido,
A tantos "floreios" para justificar
Atos criminosos, a tantas relutância
Em esquecer a antiga posição
De sempre "contestar".
Voltar atrás
E mudar o futuro.
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Tenho vergonha de mim
Pois faço parte de um povo que
Não reconheço,
Enveredando por caminhos
Que não quero percorrer...
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Tenho vergonha da minha
Impotência, da minha falta de garra,
Das minhas disilusões
E do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
Vibro ao ouvir meu Hino
E jamais usei a minha Bandeira
Para enxugar o meu suor
Ou enrolar meu corpo
Na pecaminosa manifestação de
Nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim
Tenho tanta pena de ti,
Povo brasileiro
"De tanto ver triufar as nulidades,
De tanto ver prosperar a desonra,
De tanto ver crescer a injustiça,
De tanto ver agigantarem-se os
Poderes nas mãos dos maus,
O homem chega desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
A ter vergonha de ser Honesto".