BRASSIA

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BLC ( ORQUIDEA)

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O AMOR

"A TODOS NÓS, FALHOS, QUE ACREDITAMOS QUE O AMOR GOVERNA.
LEVANTEMOS-NOS E DEIXEMOS QUE ELE BRILHE".

WILIAM P. YOUNG

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Borboleta Preta


A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pouso-me na testa. Sacudi-a, ela foi pousar na vidraça; e, porque eu a sacudisse de novo, saiu dali e veio parar em cima de um velho retrato de meu pai. Era negra como a noite. O gesto brando com que, uma vez posta, começou a mover as asas, tinha um certo ar escarninho, que me aborreceu muito. Dei de ombros, sai do quarto; mas tornando lá, minutos depois, e achando - a ainda no mesmo lugar, senti um repelão dos nervos, lancei a mão de uma toalha, bati - lhe e ela caiu.
Não caiu morta, ainda torcia o corpo e movia as farpinhas da cabeça. Apiei - me; tomei - a na palma da mão e fui depo - la no peitoril da janela. Era tarde; a infeliz expirou dentro de alguns segundos. Fiquei um pouco aborrecido, incomodado.
- Tambem por que diabo não era ela azul? disse comigo.
E esta reflexão - uma das mais profunda que se tem feito, desde a invenção das borboletas - me consolou do maléfico, e me reconciliou comigo meso.
( Machado de Assis. )